HHistória

É muito bonita em termos paisagísticos, a Freguesia de Mogege, no Extremo leste do Concelho de Vila Nova de Famalicão, quase no limite com Guimarães. já nos finais do século XIX, dizia dela José Augusto Vieira: «A altura em que nos achamos, a deveras encantador e desafoga o espírito dos horisontes curtos, em que veio ate ahi encurralado».

Poético, o texto de José Augusto Vieira, tanto quanto a própria paisagem de Mogege. Que dizer, por exemplo, de todo o enquadramento que constitui o Largo da Igreja? 

Deslisa o Ave la em Baixo sereno como um arroyo, e as planícies de Gondar e de Ronfe estendem¬se allegremente até às montanhas, que emmolduram ao fundo o largo quadro em uma cercadura violacea.»

Não se conhecem datas concretas relativamente ao povoamento inicial de Mogege, mas o castro existente nos limites de Freguesia, já em Oliveira de Santa Maria, o Castro de Santa Tecla - antigo povoado que ainda não foi explorado - atesta a sue precoce fundação. 

A antiga freguesia de Santa Marinha de Mogege aparece, pela primeira vez, citada num documento do ano 1059 no Livro de D. Mumadona, sob a forma de "Mazegio", evoluindo nas inquirições de D. Afonso III, em 1258, para Sancte Marine de Mogege e depois para Santa Maria de Mozegi (1290), Sancta Marina de Mozegi (1320), Sancta Maria de Magazii (1371) e Santa Marinha de Mogege (1440), até à forma actual em 1528. É possível que Mogege tenha derivado do nome árabe Muçay, o que corresponde ao hebraico Moisés e nos transporta para o período de ocupação árabe (séculos  VIII e IX). O nome Mogege está também ligado ao nome germânico Amalgiso, referindo-se neste caso ao período da ocupação goda (séculos V e VIII) ou neogoda (séculos IX e X). Em tempos remotos existia, em Mogege, a estrada que ligava Guimarães a Vila do Conde, passagem obrigatória para Famalicão ou Barcelos. Abundavam em volta dessa estrada, de modo constante, bandos de salteadores que, em 1818, chegaram a roubar a igreja de Mogege. Esta situação foi piorando, principalmente com a guerra civil de 1832-34. ou seja, com os combatentes entre liberais e absolutistas. Por esta altura, Mogege, pertencia, ainda à, comarca de Barcelos, surgindo integrada na de Vila Nova de Famalicão em 1852. De referir também que esta freguesia foi vigararia do cabido  da Sé de Braga, no termo de Barcelos, e tinha como rendimento 40 mil reis para o vigário e 100 mil para a Sé. Existiram, em Mogege, vários marcos da casa de Bragança - um em Lousela, próximo da ponte, outro no lugar do Marco e talvez dois no lugar do Condado - não se sabendo, porém, o seu número exacto. Estes marcos, com as cinco quinas e a maiúscula B da casa de Bragança esculpidas, delimitavam as posses dos duques de Bragança. Um deles pode ainda ser visto no lugar de Carril.